Às vésperas do lançamento de seu primeiro disco, o Rap Reggae Party, projeto que reúne o guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia, ao produtor Thiago Barromeo, solta mais uma parceria que colide dois pesos pesados do rap e do reggae nacional. Depois de marcar território no final de 2021 ao recuperar “Pra Cima”, hit do rapper Thaíde em parceria com é o primeiro single do projeto Rap Reggae Party que armou um encontro entre o rapper Thaíde e o vocalista Dada Yute, ex-Leões de Israel, a dupla começa 2022 de assalto, quando a dupla Rodrigo Piccolo (do grupo Mato Seco) e Helião (do RZO) revisitam um dos clássicos do grupo do último, “O Trem”.
“O trem é um submundo, tá tudo ali: os vendedores, os ladrões, os trabalhadores”, lembra o rapper Helião, autor da faixa, um dos clássicos do rap nacional, última música do disco que seu grupo RZO lançou em 1999, Todos São Manos. O rapper, que é baiano, veio para São Paulo e viu sua família ficar dividida entre os bairros de Pirituba e Ipiranga, por isso o transporte ferroviário era o mais utilizado. Ele lembra como conviveu como aquela cultura e como ela a inspirou a compor o hit: “Tudo acontecia no trem. Chegava na sexta-feira, depois que a gente passava da estação Pirituba, o povo se juntava no último vagão para fazer um samba, fazer uma fumaça, tomar um negócio, e dali ia para Francisco Morato, Franco da Rocha, Parque Vitória. A gente ia na sexta e só voltava no domingo.”
Helião foi convidado para participar do projeto através de sua conexão com Barromeo. O produtor, que também é músico, tocou guitarra com Mano Brown e isso ganhou o vocalista do RZO, que topou participar do projeto assim que foi convidado. Thiago também foi a conexão com Rodrigo Piccolo, vocalista do grupo Mato Seco. “Conheço o Barromeo por causa de uma música que eu fiz com o Planta e Raiz que ele produziu”, lembra Piccolo, “E a gente no Mato Seco é muito fã da Nação. E pra mim foi uma honra muito grande, ainda mais com essa música bem atemporal.” “O Trem” é lançado no fim de janeiro, com direito a clipe dirigido por Raul Machado, que filmou Helião e Rodrigo andando entre vagões e plataformas.
Thiago e Lúcio já se conheciam de outras gravações – trabalharam juntos em produções da Ana Cañas e Da Lua – e uma troca de mensagens por Instagram foi a faísca para o projeto começar a existir. “Todo o conceito – as músicas, os nomes, as parcerias – foi criado em uns cinco minutos de conversa”, lembra o guitarrista da Nação Zumbi, que atua mais como produtor do que como instrumentista no projeto: “O Thiago toca mais guitarra que eu no disco”.
Thiago lembra da espontaneidade do projeto e como todos os envolvidos abraçaram a ideia sem precisar de esforço. “A gente chamou o pessoal pra dar aval ao projeto e quando viu muitos deles perguntavam se não iam participar – e é claro que a gente queria isso!”, lembra o produtor. Reunir reggae e rap não é propriamente estranho, uma vez que o próprio rap nasceu da cultura jamaicana, tanto a cultura do DJ – que estava enraizada nos soundsystems da Jamaica – quanto a do MC – no canto falado dos toasters da ilha. Não por acaso o nome do projeto é uma variação de uma música do Bob Marley: “Punk Reggae Party”, que virou Rap Reggae Party a partir do conceito dos dois.
Além das duas parcerias já lançadas, a dupla promete o disco de estreia do projeto para março, quando apresentam outras duplas cabulosas, como Xis e Tulipa Ruiz, Black Alien e Flora Matos, Rappin’ hood; Hood e o grupo Planta e Raiz e Cintia Luz, BNegão e Helio Bentes, do grupo do Ponto de Equilíbrio, e Dow Raiz com Adonai, do grupo Cidade Verde Sounds. A intenção dos dois é levar estes encontros ao palco, uma vez que, como reforçam, o projeto é uma grande festa.