Infectologista comenta sobre a alta dos casos pela Europa e Estados Unidos
Há 40 anos que não nos preocupamos com essa doença, já que em 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) certificava que a causa de 300 milhões de mortes ao longo dos anos, estava oficialmente erradicada por conta da campanha de vacinação global que foi extremamente bem-sucedida. Mas depois desse grande descanso, novamente ouvimos falar sobre ela: a varíola, dessa vez, a dos macacos. A grande questão é, devemos nos preocupar? Estaremos vivendo uma nova pandemia?
“A varíola dos macacos está causando muito medo entre as pessoas, ainda mais depois da covid-19 que deixou todo mundo meio traumatizado, mas essa doença possui uma letalidade muito mais baixa do que a varíola humana, que todos conhecem por ter uma mortalidade alta, é uma versão muito mais branda”, explica a infectologista Flavia Cohen.
A letalidade da varíola humana chegava em 30% antes de ser erradicada, já a varíola dos macacos, que recebe esse nome por ter surgido através dos macacos que ficam em laboratórios para pesquisas, possui uma letalidade relatada em cerca de 3%, uma diferença muito alta na questão da mortalidade.
“Vimos o coronavírus que possuía uma transmissão muito fácil, até a varíola humana também possuía essa facilidade, mas a versão dos macacos é bem menos contagiosa e raramente é a causa de uma morte”, desde 2017, a Nigéria vem passando por um surto da varíola dos macacos e não foi declarada como um grande risco.
Cerca de 80 casos da doença já foram confirmados pelas autoridades de diversos países, principalmente na Europa, contabilizando 15 países que registraram a varíola em sua população, entre eles estão o Reino Unido, Espanha, Holanda e França. Fora do continente, a Austrália, Israel, Canadá e os Estados Unidos também afirmaram que possuem infecções.
Não é possível afirmar ainda, mas pesquisadores consideram que a doença pode estar ocorrendo através de transmissão sexual, que possui um contato próximo e há uma alta troca de fluidos corporais.
“Os sintomas da varíola dos macacos começa com dores de cabeça, dores musculares, febre e calafrios. Depois da febre, começa a aparecer a erupção cutânea, que são esses machucados na pele, essa erupção costuma a aparecer primeiramente no rosto e depois vai se espalhando para o resto do corpo”, afirma a infectologista.
Flavia explica que a vacina feita para a varíola humana também funciona para o vírus da versão do macaco, e que não existem tratamentos específicos para a doença, somente medicamentos que ajudam a controlá-la.
“Por conta desses fatores, a varíola dos macacos não é motivo para pânico, ela não possui grandes riscos para a população em geral como a versão humana, ela já foi erradicada nos anos 80 e essa que estamos vivendo não possui a mesma letalidade”, conclui Flavia.