Encontro reúne especialistas para discutir questões que envolvem diversos temas da área jurídica relacionados aos direitos humanos, relações de consumo e meio ambiente; como também biomedicina, direito cibernético, terceiro setor, entre outros
Um encontro criado para debater questões urgentes e atuais que envolvem a sociedade contemporânea sob a ótica jurídica. Uma oportunidade para discutir temas que têm sido constantemente falados pela imprensa em geral mas que, aqui, serão discutidos de forma específica e ampla.
Esta é a proposta do JURISCÓPIO, evento online promovido pela ANAN (Associação Nacional da Advocacia Negra) que pretende debater, entre os dias 27 de setembro e 1º de outubro, diversos temas que ultrapassam a questão racial.
Segundo os organizadores, o nome escolhido tem sua origem na palavra grega ‘scoppéoo’ que significa ‘observar, ver através’. De sua união com a palavra ‘juri’ surgiu o nome deste encontro que tem como objetivo, portanto, observar profundamente, os aspectos legais dos temas selecionados.
Para o presidente da ANAN, Estevão Silva “ o movimento da sociedade civil nos obriga ao debate e estimula uma discussão jurídica que inclua e respeite estas pessoas. O Direito precisa desenvolver mecanismos de proteção jurídica para as novas necessidades individuais que são impulsionadas pelo desenvolvimento humano, pelo respeito às diferenças e à diversidade que é uma pauta crescente da sociedade civil em todo mundo”, ressalta.
Estevão Silva também acrescenta um ponto importante: “na maioria das vezes, os organizadores de eventos não veem os profissionais negros como palestrantes, pesquisadores ou professores (etc.). Isso significa que quando nos convidam para participar de algum evento, limitam nossas falas às questões raciais. Quero ressaltar que, nós negros, falamos das questões raciais porque as vivemos o tempo todo, mas também estamos habilitados a falar sobre diversos temas que não se referem, necessariamente, às questões raciais”, conclui.
Sobre a questão levantada por Estevão Silva, Josefina Serra dos Santos, Presidente da Comissão da Igualdade Racial do Distrito Federal, também tem a mesma opinião e vai além em seu questionamento. Advogada há mais de 20 anos e natural de uma comunidade quilombola maranhense; ela, que estará no Juriscópio, destaca o seguinte: “este evento é um marco para advocacia negra, eu parabenizo os organizadores pela ideia. Como o próprio nome já diz, ‘juriscópio’ é uma palavra que representa mais do que ação; quer dizer implementar, agir. Penso que a ANAN está fazendo o que muita gente quis fazer e não teve oportunidade, ou seja, trazer para pauta esta discussão sobre o quanto somos ignorados como palestrantes: a verdade é que nós, advogados e advogadas negras, nunca somos chamados para participar de congressos e seminários para falar sobre temas que mostrem nosso conhecimento para além da questão racial. É claro que essa questão é importante, mas temos competência para falar sobre outros assuntos, contudo, nos ignoram. Parece que existe uma estrutura que impede o reconhecimento da nossa capacidade, parece que temem nossa competência. Mas não vamos mais aceitar isto e este evento é o primeiro passo para uma mudança que precisa começar já!”, finaliza.
Sobre a ANAN (Associação Nacional da Advocacia Negra): criada em 2015, a ANAN tem como objetivo promover a solidariedade, a igualdade e a liberdade em todas as suas ações. Acolhimento, diálogo, ética racial e profissional; empatia e respeito à diversidade, pautam todas as iniciativas da Associação que, desde sua fundação, tem procurado favorecer o diálogo em todas as instâncias possíveis.
Faça a sua inscrição: https://www.sympla.com.br/juriscopio__1351481