AASP comemora o ‘Julho das Pretas’

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E abre espaço para acolher e dar voz a advogados e advogadas pretas

No ano em que comemora 80 anos, a AASP — Associação dos Advogados, dentro de sua tradição em oferecer debates caros à sociedade, promoveu o evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha e levou à mesa de discussão temas relacionados à saúde e à área jurídica, além de exposição de livros escritos por autores exclusivamente negros, como também a exposição de bonecas e joias produzidas por artesãs negras.

Falaram sobre “O descaso com o cuidado da saúde da mulher negra” as doutoras Cristiane Santos de Mesquita e Nathália Tuany Duarte, médica e odontóloga, respectivamente, e sobre as “Reflexões sobre a luta da igualdade de gênero e a importância e impacto da indicação de juristas negras junto aos órgãos diretivos do Poder Judiciário”, a desembargadora federal do TRF3, Daldice Maria Santana de Almeida, e Debora Ribeiro, advogada e especialista em Direito Penal Econômico e Direitos da Mulher. O encerramento ficou por conta da secretária municipal de Justiça de São Paulo, Eunice Aparecida de Jesus Prudente.

A ideia do evento surgiu da primeira mulher negra a ocupar um cargo como Conselheira Substituta dentro da AASP, Patrícia Souza Anastácio. “Na comemoração dos 80 anos desta casa jurídica, como primeira conselheira negra, não poderia deixar passar em branco o Julho das Pretas e o Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha”, avalia.

Importante ressaltar que a AASP foi a primeira entidade jurídica a ter uma presidente mulher, em 2020, Viviane Girardi, e em 2022, um negro a compor o conselho diretivo, Cristiano Scorvo Conceição.

Em março de 2023, Anastácio se tornou conselheira com o compromisso de tratar das questões de raça dentro da associação. “Não poderia deixar de dizer que o olhar da AASP vem se renovando. O evento do dia 25 trouxe para esta casa uma bancada de palestrantes negras de peso e para isso contamos com o apoio de toda diretoria da associação”, informa.

Para Anastácio, o evento também demonstrou “que a AASP é uma casa que acolhe e dá suporte ao advogado e advogada negros que ainda não se sentiram representados. Começamos pelo tema da saúde para mostrar para toda a comunidade que o primeiro passo é a saúde e depois tratamos do espaço de poder e fala porque, justamente, estamos dentro de uma casa que trata de questões jurídicas”.

A conselheira diz, ainda, que é importante tratar de temas como desigualdade e ressalta que as grandes bancas jurídicas não têm mulheres negras nos cargos de comando. “Isso é reflexo de uma história de muita desigualdade e enfraquecimento, especialmente ao enxergar e dar voz à mulher negra. E é exatamente esse o meu papel dentro da AASP, levar a minha história, trazer advogados e advogadas negras para dentro da associação e acolhê-los dando todo o suporte que uma casa jurídica pode e deve oferecer”, conclui.

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