Neuropsicóloga destaca que reservar um tempo para não fazer “nada” reflete na produtividade e saúde mental
O Brasil é o segundo país com mais pessoas afetadas pelo esgotamento profissional. Mais de 70% dos brasileiros no mercado de trabalho sofrem alguma sequela do estresse. A falta de produtividade causada pela exaustão chega a gerar um prejuízo de R$80 bilhões para o país. Já no mundo, os afastamentos por doenças psicológicas provocaram perdas anuais de R$800 bilhões. Produtividade e criatividade estão intimamente relacionadas à capacidade de liberar tempo na vida de pessoas apressadas e muitas vezes estressadas.
Uma pesquisa da Hoopsuite com a We Are Social apontou que as pessoas passam uma média de 9 horas e 20 minutos por dia conectados, checando e respondendo e-mails fora do expediente, conversando com os colegas de equipe e com os chefes, atualizando relatórios, ou então mantendo ativa a vida dentro das redes sociais. O aparelhinho celular é o grande culpado, pois ele possibilita o acesso à internet a qualquer hora e na maior parte dos lugares. Ou seja, facilitou com que as pessoas estejam sempre disponíveis para responder às obrigações de trabalho e também da esfera pessoal. Permanecem sempre ligados, empenhados em produzir mais e melhor e muitas vezes deixam de lado algo fundamental para efetivamente ficar bem: parar.
Para Aline Gomes, neuropsicóloga, com mais de 20 anos trabalhando com desenvolvimento de pessoas, destaca que o tempo livre, aquele com nada, nada mesmo para fazer, é parte de um processo humano indispensável, com objetivo de evitar o esgotamento mental. Essa é uma experiência subjetiva e emocional, que é oposta ao modelo corporativo de competitividade, onde desfrutar a vida, a autonomia e a liberdade é visto como brecha para ser ultrapassado pelos concorrentes. “Se permita “parar” e vai notar como é maravilhosa essa sensação de renovação, de clareza. Vai conseguir enxergar novas oportunidades e terá tempo para realizar as atividades que tanto planejou”, explica Aline Gomes.
Abaixo, a neuropsicóloga lista alguns exercícios que podem ajudar nesse processo de ócio criativo:
– Despir-se da culpa de não estar produzindo ou respondendo por alguma responsabilidade objetiva;
– Afastar-se do celular e outros meios eletrônicos por algum tempo diariamente;
– Escutar-se (ao próprio corpo e a própria mente);
– Colocar-se sempre que possível frente a algo desconhecido;
– O ócio só é possível com a consciência efetiva de seu valor, sentido e propósito.
– Comece acreditando que você merece, que é um direito e que trará mais benefícios que prejuízos.
– Escolha horários sagrados e intocáveis, de uso livre e pessoal para a prática.
– Opte por preenchê-los com atividades que são prazerosas e que podem acrescentar na qualidade de vida (aqui entra o autoconhecimento).
– Ler, meditar, nadar, fazer ioga, contemplar o pôr do sol, tocar um instrumento, cozinhar…O importante é que você tire um prazer disso.
– Imagine que é um momento para investir em si mesmo, em seus pensamentos, em sua vida e na reorientação da própria existência.
Tenha um ócio para chamar de seu! Cada um deve encontrar seu prazer para começar a colocar em prática.